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Cinco dicas para escolher a pedra da sua bancada de cozinha

Bancadas de cozinha

Nos admira que houve um tempo em que a cozinha era uma área escondida de uma casa, relegada a serviços domésticos e estoque de alimentos e produtos de limpeza. Hoje em dia uma cozinha pode ser um lugar alegre e colaborativo onde as pessoas se encontram para compartilhar mais do que uma refeição, mas momentos especiais. Elas se estenderam, invadiram com alguns elementos as varandas, os decks, se integraram com a sala e, às vezes, até com a casa inteira. E falando nisso, o portal Imovelweb, em 2020, mostrou que comparando o mesmo período entre 2019 e 2020 houve um crescimento de 163% na busca por imóveis com varanda gourmet. As casas já vêm se mostrando, há algum tempo, amplas e com áreas integradas, ilhas, bancadas amplas e fluidas, o que permite fácil manipulação e principalmente que as pessoas estejam juntas no ato de cozinhar e de usufruir das cozinhas. Os revestimentos de bancadas, nesse contexto, podem ser um grande trunfo integrando o ambiente com harmonia ou se tornando a estrela dos mesmos, por meio de cores e texturas. Para nós, o mais importante, no entanto, é a necessidade de que esses revestimentos tenham durabilidade e alto desempenho em relação aos cuidados necessários para a sua manutenção. A cozinha, na maioria das vezes, faz parte de um dos primeiro ambientes com que as pessoas interagem no dia, com isso é um lugar onde as pessoas tendem a desejar estar à vontade e sem restrições para sua rotina de “largada para o dia”. Dessa forma seguem 5 dicas de como escolher a pedra ideal para a sua cozinha.

1) Primeiro passo: Entender como se deseja utilizar e conviver com a bancada.

Sem dúvida essa é a primeira reflexão que tem que ser feita na hora de escolher revestimentos para bancadas de cozinha. É uma cozinha de uso do dia a dia ou uma cozinha para uso eventual? É onde se pretende cozinhar em grupo e despreocupadamente, beber com amigos no processo de produção da comida? As crianças irão interagir diretamente com a bancada? E os pets, que entraram definitivamente nas famílias e fazem parte da rotina da casa, vão transitar pelo ambiente? Aqui, vamos priorizar a escolha pelas pedras naturais para referências, com base em todos esses pontos, e ela pode ser por uma rocha de baixo desempenho ou só decorativa, com inúmeras restrições indo até uma super rocha, como os quartzitos cristalinos, que não reagem ao contato com ácidos, têm altíssima resistência a riscos e altíssima resistência a manchas. Existem no mercado diversos tipos de pedra oriundas dos mais diversos lugares no mundo e de diversos discursos que levam o cliente a escolher entre uma e outra, mas, na nossa opinião, em primeiro lugar sempre vem o conforto, a tranquilidade de poder viver o ambiente sem preocupações com o limão que pingou, ou a carne que respingou sangue ou o vinho que derramou.

2) Pode pingar ou não pode pingar nada? Escolha uma pedra que tenha alta resistência a ácidos.

Uma cozinha de uso diário, sem dúvida, vai interagir constantemente com produtos com algum tipo de acidez: limão, laranja, vinagre, tomate, azeite ou vinho. Nesse quesito, as rochas silicáticas como quartzitos ou rochas similares em termos de características técnicas são insuperáveis. Rochas carbonáticas como mármores calcíticos, dolomíticos ou limestones, são reativas a acidez, perdendo o brilho quando em contato com ácido — às vezes por alguns minutos, às vezes por algumas horas. E essa “perda do brilho” não é algo meramente estético, essa reação literalmente corrói a pedra, criando uma superfície alterada e mais rugosa que o resto da bancada. E qual o impacto disso na bancada? Uma rugosidade na superfície da pedra provoca uma alta capacidade de aderência de sujeiras, literalmente “encardindo” as áreas corroídas, além do que, quando vistas contra a luz, é notória a alteração do material. A relevância disso no dia a dia em uma casa é a limitação de uso ou o relaxamento, a aceitação das manchas e encardidos, ou a troca e até mais importante, a escolha certa do revestimento desde o início do projeto. Nesse quesito o mercado de pedras naturais não carbonáticas — lembrando que o grupo das rochas carbonáticas vai ser dominado pelos mármores e limestones em seus mais diversos tipos — dispõe hoje de uma enorme gama de opções, geologicamente falando, além dos clássicos granitos, que hoje estão muito em alta em novas roupagens, bem mais contemporâneas, mas, esse é o assunto desse outro blogpost, estão super em alta os quartzitos cristalinos e uma mega família de rochas que tem um comportamento similar ao dos quartzitos, como cataclasitos, metabrechas, traquitos, cherts, metaconglomerados, itabiritos, e até um desdobramentos dos quartzitos. Sim, o setor de rochas ornamentais teve que se achar dentro da geologia em relação aos queridinhos quartzitos para ajudar dando informação para especificadores e usuários em relação às duas tipologias em voga atualmente. Os quartzitos cristalinos e os quartzitos arenosos, que são em termos de mineralogia a mesma coisa, mas, em termos de absorção, podem levar o usuário do céu ao inferno, nós abordaremos isso no próximo tópico. Finalizando, se quiser ter uma vida livre, leve e feliz com sua bancada de cozinha, fuja das rochas carbonáticas, abrace as silicáticas, sejam elas granitos, quartzitos, cherts, ou qualquer que seja, vai lhe dar uma qualidade de vida que talvez você nunca tenha nem sequer imaginado existir em um produto natural em um ambiente tão emblemático como a cozinha.

3) Manchas: como o percentual de absorção e porosidade da sua pedra vai interferir no seu bem-estar.

Faz parte de qualquer rocha índices como absorção, porosidade, densidade, resistência à flexão, compressão, congelamento e degelo, índices de desgaste por abrasão e muitos outros. Esses índices permeiam a decisão sobre qual pedra será utilizada em equipamentos de alto tráfego, como shoppings e aeroportos, e de demanda especial, como hospitais e laboratórios. No dia a dia, no entanto, na hora de escolher a pedra da bancada da cozinha, por exemplo, ao olhar para o manchamento, os dois pontos de maior relevância serão a porosidade da rocha e seu percentual de absorção. A porosidade, basicamente é o percentual de espaços vazios da pedra que está diretamente relacionada ao processo de formação da rocha, aqui, as ígneas e metamórficas são as campeãs, claro, não em sua totalidade, mas muito bem representadas por rochas como granitos, quartzitos, alguns xistos, e mais uma enorme variedade. O percentual de absorção de uma rocha, por sua vez, é justamente o percentual de água que uma rocha absorve em virtude justamente da quantidade de vazios que ela possui e isso é o que vai determinar o quanto você vai ter que se preocupar na hora de usar sua bancada de cozinha para evitar manchas. Esses índices são determinados em ensaios realizados em laboratórios com acreditação para isso e os beneficiadores das rochas muito provavelmente terão documentos que os apresentem. De uma maneira geral, a ABNT recomenda que se utilizem pedras com percentual de porosidade inferior a 1% e percentual de absorção inferior a 0,40%. As rochas, conceitualmente, nada mais são do que um aglomerado de um ou mais minerais que, assim como na alquimia da culinária, se agregam formando algo diferente, as rochas, e com isso, cada um se agrega de forma diferente de acordo com os minerais formadores, as condições de formação da rocha, como temperatura e pressão e o tempo, que vai ser determinante nessa transformação. Mas, importante: não queira se apegar a entender quantos anos uma pedra tem, qual o nome petrográfico dela, todos os índices de cada uma, o que vai ter relevância é o que ela absorve ao longo do tempo, 24 horas é um excelente relógio, 48 horas, 72 horas e 96 horas — tempo que laboratórios usam para saber sobre a alterabilidade de uma pedra — respondem a todas as demandas de uma casa. De uma maneira geral, tenha certeza de que a marmoraria com a qual você trabalha tem plena ciência de como se comportam as pedras que estão sendo especificadas e escolhidas. Se houver dúvidas, contate o fornecedor por meio deles ou até mesmo diretamente, se quiser, faça testes, o importante é entender a demanda de impermeabilização das pedras, sim, algumas delas vão atingir seu máximo desempenho apenas com elas. E não se engane, algumas delas, principalmente dentro do grupo dos quartzitos, arenitos e granitos só vão atingir essa excelência por meio deles, dos impermeabilizantes. Conforto mesmo, apenas olhando para os quartzitos cristalinos como o Perla Santana onde a aplicação de impermeabilizantes é apenas um cuidado além.

4) Resistência mecânica. A faca pode ter contato com minha bancada?

O que determina resistência de uma rocha é a sua mineralogia e a sua formação, lembrando que uma rocha é um agregado de minerais que, a depender de como sejam “misturados” na natureza, se torna mais ou menos resistente. A dureza dos minerais é determinada por testes e existem algumas escalas que apresentam elas aos “estudiosos” do assunto. Uma das mais populares é a escala de dureza de Mohs, criada em 1812 pelo mineralogista alemão Friedrich Vilar Mohs, que apresenta uma escala de crescimento unitário indo de 1 a 10 como referencial, no entanto, o crescimento da dureza destes se dá exponencialmente, pela escala de Mohs, o mineral menos duro é o talco, que recebe o valor de dureza 1 enquanto o mais duro até hoje encontrado na natureza, é o diamante, tem dureza 10. Mas, como falado, na verdade essa dureza cresce exponencialmente, e com isso, o diamante é na verdade 1.500 vezes mais duro do que o talco. Abaixo um infográfico que mostra de forma mais clara isso. Olhando para as rochas do dia a dia, um mármore não importa se calcitico ou domolitico, não vai ter dureza superior a 4 pela escala de Mohs que, em dureza absoluta, vai estar mais ou menos na casa de 21 enquanto os granitos de boa qualidade com 30% a 40% de quartzo, com mais ou menos 50% de feldspato vão ter sua dureza entre 6 e 7. Ou seja, entre 72 e 100 em dureza absoluta. Já os quartzitos, que têm em sua formação predominantemente o quartzo, vai ter basicamente mais de 90% desse mineral, em outras palavras, sua dureza absoluta na ordem de 100, isso significa de 4 a 5 vezes mais resistente que qualquer mármore. E na vida real, qual o impacto da escala de dureza de Mohs na minha especificação, ou na escolha da pedra da minha cozinha? O risco está literalmente nas facas! Pedras com dureza média abaixo de 7 podem riscar com facas, já as pedras com dureza abaixo de 5, elas podem riscar por vidros, ou seja, mármores e limestones não têm resistência mecânica para riscos nem de facas, nem de outros apetrechos de cozinha. Uma outra coisa importante, o “arrasto” de panelas e de outros utensílios, sempre há poeiras e areias que estão às vezes até em suspensão no ar, e fatalmente fica um resíduo de poeira nas bancadas, a areia (aquele grãozinho como o da praia), a título de informação é quartzo, com isso, uma bancada de mármore ou limestone se puser por exemplo uma panela em cima por exemplo e arrastar, vai arranhar, um prato em cima e arrastar, vai arranhar. Já um granito, rocha similar, ou quartzito, esse problema não vai acontecer.

5) Cores, umarco íris na forma de pedras naturais à sua disposição.

Novamente, os quartzitos nos permitiram uma super gama de cores entre as próprias tipologias de rochas, que são quartzitos propriamente ditos ou rochas que se comportam tecnicamente como quartzitos. A maior vantagem deles em relação a granitos é a distribuição das cores, que não é concentrada como em pigmentos como acontece com os granitos, elas se diluem em tons muitas vezes dentro da mesma cor ao longo das rochas ou mesmo em veios. E o mais bonito disso, é que esses movimentos, essas nuances, são a testemunha da história de formação da pedra. Cores como branco, bege, cinza, vermelho, verde, marrom, preto, são todas possíveis com rochas de altíssimo desempenho sem precisar recorrer a sintéticos, usando pedras naturais. Ouvimos recentemente de uma arquiteta que “a vida era muito curta para não ter uma cozinha rosa”, nesse momento, entendemos que não precisa haver preconceitos na escolha da cor da cozinha, cada um pode escolher pelo seu momento na vida, sem pensar que depois vai cansar, se cansar, troca! É uma bela oportunidade de dar uma repaginada na vida. Se quiser conhecer algumas cores que formam nosso portfólio, seguem abaixo ou acompanhe as nossas redes sociais.