Há milênios, o planeta Terra fornece ao homem rochas para os mais diversos usos. Em um primeiro momento, essas rochas foram usadas como ferramentas, como abrigo, como pano de fundo para a contação de suas histórias e registros de suas artes. Mais recentemente, ainda falando “milenarmente”, o homem encontrou na pedra natural, os elementos chave para seguir no registro de sua história, porém, de forma mais grandiosa e ousada, na construção de seus impérios. Nesse meio-tempo, diversos projetos incríveis foram criados, o homem cortou, serrou, movimentou e construiu o inimaginável, desde pirâmides até templos para seus deuses e palácios para seus nobres.
Obras primas, relíquias de nossa história foram esculpidas, lixadas e polidas à mão quase como por um milagre para o seu tempo. A pedra como revestimento, extraída e processada para uso em edificações, já é algo que vem desde os tempos antigos, com aparições marcantes em palácios como os da Europa. A princípio nos pisos e paredes, rapidamente as pedras encontraram espaço nas mesas, bancadas de cozinha, banheiros e onde mais a criatividade e a necessidade permitisse seu uso.
A partir daí, o próprio uso foi mostrando para os profissionais que escolheram essas pedras — já como materiais de revestimento para seus projetos — que algumas delas eram mais adequadas do que outras para cada tipo de aplicação. Rochas que se desgastavam mecanicamente, pedras que eram mais ou menos suscetíveis à riscos, manchamentos e outros problemas que muitas vezes levavam suas escolhas a padecerem por patologias irreversíveis, prejudicando severamente projetos muitas vezes tão ansiados. Assim, profissionais de arquitetura e design, além dos próprios consumidores para quem os projetos são realizados, passaram a exigir dos fornecedores de rochas mais informações que dessem lastro de garantia às suas escolhas, quando o quesito era as pedras para revestimento, também conhecidas como rochas ornamentais.
Desse modo, considerando esse âmbito, deu-se início a um forte processo de estudo, caracterização tecnológica, busca por novas pedras, novos sistemas de mineração e lavra dessas pedras na natureza, de forma que a indústria de rochas se tornasse apta e tivesse produtos adequados a cada demanda específica para cada tipo de projeto. Tudo isso, de forma que garantisse aos empreendimentos, desde pequenas residências a grandes prédios corporativos, ou importantes equipamentos públicos, tudo aquilo a que ela se propõe, dar beleza, longevidade e atemporalidade a depender do tipo de pedra ou rocha escolhida para cada projeto. Dentro desse cenário, os célebres mármores não perderam seu espaço, mas começaram a dividi-lo principalmente com os granitos, quando as tecnologias de extração e beneficiamento permitiram apenas o processamento até esse ponto de dureza de rochas.
Em resumo, nas duas últimas décadas, principalmente aqui no Brasil, com o desenvolvimento, evolução e transferência da tecnologia dos fios diamantados das pedreiras para as fábricas, vieram os quartzitos. Pedras de altíssima dureza, extremamente resistentes e de beleza ímpar, além de atemporal, que viraram rapidamente uma tendência e, hoje, pode-se dizer que são uma realidade que veio para ficar no segmento de pedras naturais para revestimento.
O QUE SÃO OS GRANITOS?
Conceitualmente, os granitos são rochas compostas essencialmente por quartzo e feldspato e aos quais, frequentemente, associam-se, em quantidades bem menores, minerais máficos como a biotita, ou félsicos como a muscovita.
Formam-se por um processo de resfriamento lento, dando tempo para que os cristais de quartzo e feldspato cresçam mais. Assim, podem-se ver nele cores que correspondem às tonalidades dos feldspatos e das micas, grãos de cores de granito de diferentes tipos, com granulometrias que podem ir de alguns milímetros ou centímetros de diâmetro.
Como no granito Branco Alpha, por exemplo, nele notam-se os pontos cinzas, que são os cristais de quartzo, a área branca, que é o feldspato, albita/plagioclásio no caso e, os pontos pretos, sendo as biotitas.
Granitos de qualidade caracterizam-se por altas quantidades de quartzo, acima de 25% — O Alpha tem entre 30% e 35% — baixa absorção e alta resistência ao desgaste. Os granitos do Ceará, nesse caso, se destacam no mundo por atender tecnicamente demandas rigorosas de aplicação.
Comercialmente, no entanto, nem sempre as rochas ornamentais e de revestimento, denominadas como granitos, são realmente rochas desse grupo petrográfico. Como exemplo, podemos mencionar materiais como o Matrix Motion, que é tratado como um granito, mas na realidade é um xisto, o Marrom Imperial sendo um sienito, o Preto Ceará um ganobrito e as rochas da família dos Marinaces, que são na realidade metaconglomerados.
Os granitos de alta qualidade, por terem bom desempenho técnico, são amplamente utilizados em pisos de equipamentos de alto tráfego, como aeroportos, shoppings, fachadas ventiladas, entre outras aplicações.
Por causa desse tipo de uso, os granitos, quando polidos, perdem muito seu espaço em obras de interiores de menor porte, como as residenciais, justamente por sua pigmentação. De tanto serem usados em áreas de uso coletivo como shoppings, passaram a ser vistos como “um revestimento comum”. Buscando voltar a ser tendência, a indústria de rochas teve que se reinventar e lançar tratamentos de superfície diferentes e inovadores, que elevam o patamar dos granitos, tirando ele do “lugar comum”. Tratamentos como o Matte e o Velvet, tornam os granitos rochas especiais e diferenciadas e, além do mais, tornam qualquer ambiente interno ou externo contemporâneo, moderno e atemporal. Observa-se isso em obras mundo afora, como no Museu Louvre de Abu Dhabi e o The Shard de Londres, que usaram internamente materiais com tratamentos sem brilho e com textura.
O QUE SÃO OS QUARTZITOS?
O quartzito é uma rocha metamórfica constituída basicamente de quartzo mineral, as quais começam sua vida na forma de grãos e areia como a de dunas e de leitos de rios e, com o passar do tempo, vão se comprimindo até formarem os arenitos.
Todavia, se soterrados mais profundamente sob camadas de rochas e associado ao aumento de temperatura e pressão, perdem sua forma original e se fundem aos seus vizinhos, formando uma rocha densa e durável. Normalmente, essas rochas têm tons claros, podendo assumir outras cores devido a minerais adicionais carregados pelas águas subterrâneas, transferindo tons como verde, azul e vermelho. Dentre as rochas para revestimento, a dureza dos quartzitos é a mais elevada, isso por terem em sua constituição mais de 75% de quartzo, chegando em alguns casos a mais de 90%, como o Perla Santana, que possui 94% em sua composição.
Isso faz com que os quartzitos sejam mais duros que o vidro e do que a lâmina de uma faca, o que pode facilmente ser evidenciado ao se tentar riscar a pedra com algum desses elementos. Além disso, são materiais de porosidade e absorção baixíssimas quando “cristalinos”, o que indica altíssimo grau de metamorfismo, ou seja, no momento que o arenito — protólito, a rocha que antecedeu o metamorfismo e que gerou o quartzito — sofreu as maiores temperaturas e compressões, chegando a 800ºC. Sem falar dos cristais que, no início, eram areia e acabaram se fundindo, formando essa super rocha, como o Perla Santana, um quartzito verdadeiro. Outro elemento que evidencia um quartzito, é a não reação da rocha à presença de ácidos.
Em contrapartida, mármores, por exemplo, não importa o tipo, reagem a esses elementos. Vale lembrar que, quase tudo que se manipula em uma cozinha, principalmente, tem substâncias ácidas em sua composição, desde tomates até o limão, passando pelo azeite e pelos vinhos. Nesse ponto, atenção, existe na natureza um grupo de rochas que são os meta arenitos, nada mais são que arenitos que sofreram também metamorfismos, porém, de baixo grau, de baixa intensidade.
O que evidencia isso é a baixa coesão entre os cristais, fazendo com que essas rochas tenham uma absorção de moderada à elevadíssima. São rochas que não reagem aos ácidos, têm dureza alta, são formadas do mesmo quartzo dos quartzitos, contudo, sua formação está “no meio do caminho”, as imagens a seguir podem ilustrar didaticamente isso. Os quartzitos são a grande revolução do setor de rochas para revestimento, seu surgimento na natureza data de 600 milhões de anos. No entanto, por causa da dureza elevada e estrutura extremamente frágil quando na natureza — por causa de fraturas sofridas em seu processo de formação que vai a extremos —, foi necessária uma revolução na mineração e na indústria para que a pedra pudesse ser minerada e beneficiada.
O surgimento do fio diamantado, que teve início na Itália na década de 70, chegando ao Brasil na década de 90 e adentrando as indústrias no final da mesma época, atingiu seu ápice apenas em meados de 2010, quando os quartzitos puderam ser extraídos da natureza e processados na indústria. São rochas únicas, que agregam valor a qualquer projeto, pois tem uma beleza clássica como a dos mármores mais nobres, com a resistência máxima que apenas eles têm na natureza em quantidades e condições de uso para revestimentos.
Com o surgimento da internet e a grande propagação do volume de informações no que se refere à composição de materiais sintéticos, muitas empresas passaram a se apropriar da palavra quartzo, transformando isso em um valor para os seus produtos. Entretanto, um revestimento ter quartzo em sua composição, ou mesmo uma rocha, não faz dela um quartzito.
Há hoje uma grande reverberação de informação sobre materiais sintéticos sinterizados, sobre porcelanatos ultra compactados com alta resistência, sobre a comodidade de usar um material padronizado, uma vez que rochas naturais têm nuances “produzidas pela natureza”. O fato é que nenhum deles têm o peso de uma história que se formou há 600 milhões de anos, passando pelas intempéries mais extremas que algo pode passar sendo “forjado” no interior da Terra e mantendo as características únicas de tudo isso produz, gerando uma beleza única e atemporal.
3 PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE GRANITO E QUARTZITO